Devo ser a pessoa mais desatenta que existe. Às vezes,
quando me dou conta que algumas coisas passaram desapercebidas, simplesmente
não consigo achar maiores explicações.
Tentar ser mais atento não é um esforço dos mais fáceis. É
que na verdade, sem motivo aparente, algumas coisas parecem chamar mais atenção
do que outras, mesmo que aquilo que tenha passado batido tenha valor.
Minha vó (Dona Lindaura), já contou algumas dezenas de vezes as mais variadas histórias familiares. Algumas delas ficaram fixadas na minha cabeça, seja por
completo ou aos pedaços.
A tradição da oralidade e a transmissão de todo tipo de experiência entre os mais velhos e os mais
jovens parece não ter a mesma importância em famílias de
meios urbanos. Acho que as pessoas que vivem nas capitais tem uma relação de
apreensão um tanto quanto distinta das famílias que são do interior. Ao menos é o que parece.
Sei lá, é que a convivência tem se tornado tão mecânica que
apreender as singularidades de quem nos cerca parece ser tarefa das mais
difíceis.
Quando Fred morreu fiquei bastante triste. Depois
de algum tempo, parei pra prestar atenção que nunca havia lhe perguntado sobre a sua
espiritualidade. Achei isso de uma insensibilidade sem fim. As vezes, acho, falta um pouco mais de atenção. Atenção... Afinal, "seiscentos anos de estudos, ou seis segundos de atenção" ?!
(*)
Minha vó tem uma história especial que ela
conta sobre a passagem de Lampião pela estação onde o
pai dela (meu bisavô Cirilo) trabalhava em Itumirin. Ele era funcionário de uma antiga companhia de trens na época em que era muito chique fazer os trechos por este tipo de linha. Em um dia qualquer, ele avistou um bando de homens a cavalo de longe, e brincou: “lá vem o bando de Lampião.”
pai dela (meu bisavô Cirilo) trabalhava em Itumirin. Ele era funcionário de uma antiga companhia de trens na época em que era muito chique fazer os trechos por este tipo de linha. Em um dia qualquer, ele avistou um bando de homens a cavalo de longe, e brincou: “lá vem o bando de Lampião.”
E não é que ele estava certo?
Ela conta que Lampeão saqueou tudo nas redondezas e por fim
pediu para que o meu bisavô ateasse fogo a estação.
Disse Lampião da maneira mais óbvia e natural possível:
“Queime”.
Meu Bis: Mas eu não tenho isqueiro.
(Àquela época, fumar era um hábito muito comum entre os
adultos, principalmente homens, e o estranho era encontrar quem não fumasse.)
Meu bisavô deveria estar chegando pelos 30 anos.
Disse Lampião: Mas um homem desses, nessa idade e não fuma?!
Não sei o que ele respondeu. Aliás, não faço a menor ideia do que ele poderia ter respondido. Mas ao fim de tudo, conta minha avó, o cangaceiro mais famoso da história do Brasil arrumou o fogo e queimou a estação.
Meu bisavô sobreviveu. Ele morreu anos mais tarde de um ataque fulminante de coração. Prosa prum outro texto...
Meu bisavô deveria estar chegando pelos 30 anos.
Disse Lampião: Mas um homem desses, nessa idade e não fuma?!
Não sei o que ele respondeu. Aliás, não faço a menor ideia do que ele poderia ter respondido. Mas ao fim de tudo, conta minha avó, o cangaceiro mais famoso da história do Brasil arrumou o fogo e queimou a estação.
Meu bisavô sobreviveu. Ele morreu anos mais tarde de um ataque fulminante de coração. Prosa prum outro texto...
(*)
(Na verdade, eu precisei sair da Bahia pra prestar atenção em algumas coisas...)
A nova cidade fundada fica há uns 20km da mistica "Belo Monte", que é o nome real da cidade no período de resistência sob a liderança de Antônio Conselheiro.
Há uma semelhança com os estudos que resolvi me dedicar acerca de Oriente Médio. É que em ambos, Canudos e Oriente próximo, a constante religiosa é presente, ainda que não sejam os motivos exclusivos... ok, sem papo cabeça...
Por falar nisso, planos de viagens até a nova Canudos são bem vindos. Que tal?!
p.s: Às vezes é tão difícil achar títulos pra textos que eu acho que isso deveria ser uma profissão\ofício remunerada\o.
Sob o risco de já tê-la postado por aqui - https://www.youtube.com/watch?v=PcRl1CwomiY
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