segunda-feira, 29 de julho de 2013

Algumas lições de junho e o Partido dos Trabalhadores

Este post é uma breve análise do camarada wanderson pimenta, ex-coordenador geral do dce-ufba e atualmente membro da executiva da jpt bahia, sobre as manifestações de junho aqui no brasil. no momento em que a militância, os cientistas sociais se esforçam para entender o fenômeno junho, que tem pego de calças curtas até os melhores formuladores da política nacional, wanderson se debruça sobre a crise de direção política experimentada pelo desgaste de uma geração que chegou ao poder.

enquanto alguns preferem a tese da desqualificação da "desorganização" das ruas, classificando-o como um capricho da classe média, o autor do texto propõe uma autocritica de um modelo de organização esgotado e que apenas será capaz de dar respostas atualizando a sua agenda.

boa leitura a todos.

Wanderson Pimenta*

Tivemos a oportunidade de acompanhar as maiores mobilizações dos últimos vinte anos. Desta vez, não estava em jogo os destinos institucionais da República, como no “Fora Collor” ou nas “Diretas Já”. Foram atropelados todos aqueles que imaginavam com certo de ar superioridade que havíamos atingido um status de bem estar social incompatível com grandes insatisfações. Enfim, se éramos um “País de classe média”, se estávamos todos absorvidos por um pacto de conciliação entre as classes e se o governo de composição
conseguia minimamente apresentar respostas a problemas seculares, como a redução da miséria, a partir do incremento das políticas de inclusão, qualquer previsão sobre algum tipo de convulsão social seria considerada loucura pelos céticos de plantão. Acontece que, nem sempre, as cartomantes a serviço da institucionalidade estão conectadas com o dia-a-dia das ruas. De tão acostumados ao ar condicionado das repartições, não conseguem mais se misturar aos novos ares das  manifestações sem se resfriarem.

Assim, seria difícil imaginar que essa esquerda dispusesse de alguma condição para interpretar ou apresentar respostas às grandes mobilizações de junho. Atônitos, vendo pela televisão ou pela internet centenas de milhares de pessoas nas ruas de diversas cidades, não conseguiam acreditar no que viam. Os fatos que já desmentiam o triunfalismo medíocre há alguns anos, desta vez, sepultaram a tese do bem estar perpétuo propagada pelos tribunos da esquerda adepta “das leis e da ordem”. Entendemos com pesar, sob pena de do cometimento de equívocos, mas com a sobriedade da análise do momento, que a geração que fundou o Partido dos Trabalhadores, dirigiu o mesmo durante as grandes manifestações dos anos 80, criou a CUT, elegeu e reelegeu Lula, levou Dilma à presidência e, ainda mantém o PT sob férreo controle, foi completamente superada. Incapazes de abandonar as suas posições que, reconhecemos, foram duramente conquistadas, estão tão amarradas a elas que já não se diferenciam.  Entrincheirados, já não se dispõem a qualquer tipo de revisão, retificação ou autocrítica. Como aqueles que se afogam, estão dispostos a arrastar com eles não apenas o salva-vidas, mas também o bote. De tanto nadarem a favor da correnteza, não conseguem visualizar o abismo adiante.  De timoneiros, passaram a proprietários do navio.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Quando as liberdades individuais são fundamentos relativos.

A repercussão das denuncias iniciadas pelo ex funcionário da agência de segurança norte-americana, nsa, Eduard Snowden, revelam ao mundo o patrulhamento político-econômico que o Estado norte-americano impõe a todos os países. As revelações dão conta de uma pequena parcela de uma engrenagem, certamente muito maior, que coloca em cheque os jargões democráticos os quais assentam os EUA.

Os serviços de espionagem nunca deixaram de existir, apenas se adaptaram ao novo período pós-guerra fria e servem aos interesses das multinacionais ianques, cooptando dados estratégicos em outros países com a
conivência das potências européias. Dessa forma, o apregoado “neo-liberalismo” não pode ser compreendido como um mecanismo de reestruturação do capitalismo quando o mais elementar abc desta corrente é simplesmente suprimida.

Para além das questões econômicas, as liberdades individuais estão postas em risco permanente, submetida aos interesses de empresas privadas os mesmo e Estados adversários que espionam qualquer um. Esse mundo das sombras, repleto de características de contos policiais, movimenta milhões do serviço de inteligência dos EUA. Os próprios cidadãos americanos são vigiados frequentemente sob a justificativa de combate ao terrorismo.