Durante algum tempo virou lugar comum desqualificar o
futebol como se fosse apenas 22 homens correndo atrás de uma bola. O
preconceito diante do esporte está diretamente associado a paixão que ele é
capaz de despertar nas massas proletárias nos mais impensáveis espaços desta
redoma chamada planeta terra.
Muita coisa mudou. Mesmo os setores dominantes e
conservadores passaram a disputar o futebol (sua representação) como um
mecanismo que está além das quatro linhas, seja nos gramados sintéticos, seja na
várzea. A prova disso são as modernas arenas que enxotaram aqueles que nunca
tiveram tanta grana pra pagar 30, 50,100... reais em um ingresso. Os novos
estádios, visivelmente, são sinônimos da gentrificação que claramente as
grandes empreiteiras e os seus dirigentes políticos optaram por dispor.
Mas o futebol pulsa e mesmo contra todos os prognósticos e
todas as circunstâncias, parece responder contra a sua tentativa de domesticação
gourmet. As arenas, que no primeiro momento eram símbolos de modernidade e
futuro, são obrigadas a se adequar a públicos com menor poder aquisitivo. E o
melhor, obrigados a aceitar as diferentes formas de torcer.