domingo, 22 de fevereiro de 2015

Olhe pra cima, mas olhe para os lados

Desde que me entendo por gente quase nunca tive medo de voar. As vezes tenho a sensação de que viagens de avião e ônibus são tão parecidas que as pequenas turbulências se assemelham a buraqueira das estradas de asfalto. Talvez têji no sangue, já que meu vô era piloto autodidata.

Já perdi as contas de quantas vezes viajei de avião. Isso é algo muito importante pra quem viveu épocas em que aeroportos era coisa gente muito chique, apenas frequentado pela alta sociedade.

Quando eu era bem moleque, lá pelos idos da década de 90, passavam aviões em todas as direções, de um lado e do outro pelos céus de onde eu costumava brincar. Às vezes, pareciam passar tão perto do chão que dava a impressão que se chocariam com os prédios. Em outras, pareciam estar tão perto que dava a impressão de que as janelas estavam abertas.

Contei essa história para o meu pai, um cara que viajou de avião desde muito moço e para vários países da América Latina. Certa vez, disse-lhe que tinha visto um avião tão baixo que vi as janelas abertas. Ele riu e me contou que aquilo não poderia ter acontecido, pois, os aviões não podiam voar de janelas abertas. Eu fiquei surpreso com aquilo, mas acho que ele entendeu que era possível, de longe, ter a impressão de que as janelas do avião estavam abertas.


Entender os sinais das mudanças dos tempos requer grande capacidade de percepção. Geralmente, quando se entende, o tempo em si já passou e o resto da narrativa torna-se memória.

Ora bolas, quem diria que viajar de avião poderia se tornar algo tão corriqueiro quanto comprar sapatos na loja da marca "x" ou "y".(?) É claro que ainda é muito caro, mas é tão absurdamente acessível quando comparamos com 20 anos atrás que até parece ridículo refletir sobre isso. Tem até "caos" aéreo!

É que na verdade, algumas coisas são tão corriqueiras nas nossas vidas que a gente simplesmente acha que sempre conviveu com elas.

Pois é, garotos e garotas, um dia se viveu sem internet, sem smartphones grandões, sem ipods e viagem de avião era coisa de quem tinha muita grana.

Não acredita? “Poizé´”, acredite.

Alguém disse que: “se vivêssemos no fundo do mar, a ultima coisa que nos daríamos conta seria a água”. E por falar em água, se a garotada de 20 anos acha anormal viver sem internet, achamos muito anormal viver com escassez de água.

P.s: Os tempos estão mudando (e que bom, né?), já percebeu? Pois bem, pare de olhar pra você e olhe ao seu redor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário