domingo, 25 de janeiro de 2015

Repetição

O metodismo e a repetição nem sempre deveriam ser encarados como coisas ruins e sem encantos. Particularmente, gosto de ver coisas repetidas, de fazer as mesmas coisas, por mais contraditório que isso possa parecer. Diz Monet que, uma paisagem ao entardecer jamais se repete. 13:00Hrs no parque em uma segunda-feira, jamais será igual as 13:00Hrs no mesmo parque, no mesmo banco, na terça-feira ou na segunda que vem.

Ê Wolverine velho de guerra.  (Schopenhauer)
Dizem que Schopenhauer era um filósofo cheio de manias e hábitos bem metódicos. Dizem ainda, que ele passeava com o cachorro pela manhã exatamente no mesmo horário e pelo mesmo caminho todos os dias. Dizem também, que ele tinha sérios problemas com a mãe que chegou a dizer-lhe que desconhecia dois gênios em uma mesma família. A mãe dele era uma escritora, salvo engano, muito famosa. Não sei se foi isso que fez dele um dos gênios menos compreendidos do seu tempo.

Em tempos de tanta efemeridade, de rapidez de informações, sensações, gostos, do verde ao apodrecer em alguns minutos ou segundos, um pouco de rotina talvez seja o componente perfeito para equilibrar a vida.

Quando me mudei para Florianópolis, no final de 2012, uma das coisas que mais fez a minha cabeça, sem dúvidas, foi o ritmo lento da cidade. Costumo brincar que a ilha funciona em ritmo slow-motion.
Diferente daquele ritmo frenético de Salvador, de tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, de tantas exigências, de tantos compromissos e de tanta responsabilidade.

Não é que os manezinhos sejam preguiçosos. Muito menos que eu me contente com uma vida monótona. Ao contrário, me sinto tão entediado quanto qualquer outra pessoa normal se sente no século 21. É que, a forma como se processam as sensações nos nossos cérebros, parece um vício eterno de substâncias que proporcionem prazer e bem estar. Acontece que, ao buscar esse bem estar de forma tão intensa, as coisas que antes proporcionavam tal sensação, parecem não mais satisfazer o almejado desejo.

Explicações químicas à parte, o iron maiden é a minha banda de heavy metal favorita desde muito moleque. Lá pelos meus 13 anos descobri uns caras que subvertiam aquela caricatura de pura gritaria n´uma banda de rock pesado. Na real, o som dos caras é de uma magia musical capaz de cativar até mesmo quem não é muito fã do estilo.

Eles são o que se poderia chamar de exemplo musical mais metódico e repetitivo que uma pessoa qualquer pode perceber. Os shows têm pouquíssimas variações, principalmente na mesma turnê, as músicas geralmente começam e terminam da mesma maneira, com solos longos e limpos no meio, o mascote da banda aparece sempre nas mesmas músicas e, além disso, a performance do vocalista que mais tempo tocou na banda (Bruce dickinson) é muito similar.

Mesmo assim, os caras são capazes de produzir um tipo de empatia poderosíssima com o seu público, o que lhes renderam mais de quatro décadas de sucesso e devoção em muitos lugares do mundo. Seguramente, é uma das bandas com mais fãs no mundo inteiro e uma das com maior longevidade.

Numa entrevista Bruce disse que, assistir o iron maiden na TV é a mesma coisa que vê um filme pornô e assisti-los ao vivo é o mesmo que fazer sexo. De fato, assisti-los ao vivo foi uma das sensações mais diferentes em toda a minha vida e sou agradecido por isso.

p.s: o iron vai tocar em floripa no final deste ano. Vamos?

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