domingo, 5 de outubro de 2014

Enquanto as pilhas ainda funcionam

Esses dias tava vendo um canal de tevê de jornalismo e me deparei com um tema muito frequente, neste gênero, d´uns tempos pra cá. Um grupo, denominado Isil, ou Estado islâmico, comete assassinatos pela web como forma de retaliar as investidas militares do ocidente.

Não tenho prestado muita atenção em política nos últimos meses, mas aquilo me chamou muita atenção por conta dos especialistas no tema.
A imensa capacidade de representar um notícia "bem" dada.
Mais ainda, chamou atenção a forma como o canal apresentava a notícia, com dois ou três convidados.

Um dizia: “bárbaros”.

O outro: “coisas da idade média”.

E a jornalista, mediadora do debate, arrematava: “uma afronta ao mundo civilizado”.

Fiquei pensando com os meus botões: ... “cada um vê o que quer e como quer”.

Um grupo de radicais islâmicos se instalou em um pedaço que agrega dois ou três países e reivindicam o seu território por meio da força.


Até aí, o percurso para fazer coro com o canal de tevê seria um roteiro normal. Mas, me esforcei um pouco até rememorar que esses mesmos radicais foram armados e treinados pelo serviço secreto dos EUA e de Israel para derrubar o governo de Assad e “estabilizar” o Iraque.

Num futuro próximo, quem sabe desestabilizar o Irã?

Mais ainda, se você abrir o mapa e os livros de história e ciência política, vai perceber que o tio Sam financiou e financia ditaduras mundo a fora para garantir os seus interesses. Nunca é demais relembrar que sadam Hussein e Bin Laden eram aliados do governo dos EUA em diferentes empreitadas.

Mas, o canal de tevê parecia tão convicto em condenar aqueles bárbaros de pele morena e rosto coberto que, às vezes, até parece que toda aquela violência é um ato gratuito, típica do mundo incivilizado.

É o fenômeno da reificação. Papo p´rum outro dia.

Noutras palavras; que se reafirmem as diferenças. ótimo pra quem assim deseja divisão alheia.

Horror semelhante, em pleno século 21, é ver uma base militar de uma potência em um país estrangeiro sem nenhum respeito aos direitos humanos e as convenções internacionais.
Em Guantánamo, pode-se dizer que é lugar onde filho chora e mãe não vê.

Ah, mas isso não será capaz de causar tamanha ojeriza nos canais de tevê que ando vendo.
Sei lá. Que eles achem que o nosso nível de babaquice é passível de manipulação, va lá, tudo bem! Mas daí acharem que podem repetir sempre e sempre, isso sem nenhum prejuízo a idoneidade do caráter editorial, isso já é demais.

O que fazer?

Não sei.

Por hora, é mudar de canal, enquanto as pilhas ainda funcionam.

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