domingo, 12 de outubro de 2014

Deformidades, franksteins, seres mutantes

Em tempos de eleição algumas palavras tornam-se habituais aos nossos ouvidos como um modismo de época. “pontos percentuais”, “oscilação”, “mudança”, “fazer mais”, são algumas das junções silábicas que projetam expectativas ou simplesmente nos entediam devido ao tamanho ceticismo.

Negar os avanços obtidos nos últimos anos é irracionalizar o sentimento antipetista ao extremo,
A cara da classe média no Brasil
transformando-o em algo próximo de uma patologia ou desvio psicológico. Por outro lado, é nítido um processo de esgotamento que parece se aproximar do seu auge, colocando em cheque o rumo a ser seguido.

Acontece que, mesmo superando questões que eram entrave para a cidadania comum dos brasileiros (fome, consumo, desemprego) outras peças inerentes de um jogo democrático parecem bastante desgastadas (democracia participativa, campanhas milionárias). As nossas fórmulas parecem não ter acompanhado as mudanças terrivelmente velozes dos tempos. Já não basta mais comer, é óbvio, agora a fome é dos smartphones grandões, dos carros transados, dos serviços públicos sem morosidade e sem burocracia.

Que bom que seja assim.


Tem um camarada que define muito bem os tempos atuais no Brasil do ponto de vista do consumo. Diz ele, e eu concordo, que hoje é muito bom viver dentro de casa (internet, ar condicionado, TV a cabo, geladeira nova), mas que esta cada vez mais insuportável viver fora dela (trânsito, violência, péssimos serviços de transporte etc).

Um país de classe média, assim pensam os nossos dirigentes. Não veria problemas se a questão fosse meramente numérica, administrativa ou de renda. O problema consiste nos “valores” da classe média. Ai sim uma questão preocupante. Como diria Leonardo Boff num texto que me chegou ao email esses dias: “A classe média adora curtir a ilusão de que é candidata a integrar a elite embora, por enquanto, viaje na classe executiva. Porém, acredita que, em breve, passará à primeira classe… E repudia a possibilidade de viajar na classe econômica.”

Deformidades, franksteins, seres mutantes... é por aí. Poderia passar horas aqui achando adjetivos e metáforas, mas acho que com essas me faço entender.

Pois é, vem aí um segundo turno que promete ser o mais sangrento de todos os tempos, segundo os analistas, sempre eles. Desejo sorte a militância petista nessa empreitada. Depois da sorte, espero não vê-los escanteados e sem uso.

p.s: é uma pena ver a câmara mais conservadora. Mas enfim, o gigante acordou, não é mesmo? o gigante da reação.

p.s2: não sei se a reforma política ira resolver o desgaste institucional que atravessamos, mas sem ela me parece inevitável uma profunda convulsão social.

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