domingo, 31 de agosto de 2014

Orfandade de um modo de fazer

Muito do meu estilo literário se deve a forte influência do contato que eu tive com “o pasquim 21”, ou o velho “pasca”, pros mais chegados.

Não senhoras e senhores, eu não vivi o período da ditadura militar, pelo menos presencialmente, e também
O velho pasca
não tenho cinquenta e poucos anos. É que no inicio dos anos 2000, houve uma reedição de o pasquim e eu costumava comprar o semanário para gargalhar com aquela forma de contar as noticias.

Quem me conhece, já tive a oportunidade de contar esse roteiro umas trocentas vezes; “piada tem que ser ou o extremo da inteligência\sagacidade, ou o extremo da idiotice\babaquice pra me fazer rir”.

Sem falar que, acontece de´u demorar de entender as piadas e rir depois. Tipo, não só alguns minutos ou momentos depois, mas também semanas depois. Tem uma cena muito caricata no seriado chaves em que, o personagem de Carlos villagrán, o kiko, é acometido pelo mesmo fenômeno cômico que este quem vos escreve.


Pois bem, o pasquim me ensinou que existe uma forma diferente de dialogar com leitor, uma forma que parece ser bastante dialógica, por mais estranho que isso possa soar.

O personagem que mais me chamava atenção era o Nataniel Jebão – uma mistura de Carlos Lacerda com Charles Foster Kane – e as suas inenarráveis peripécias com a sua secretária, senhorita Nina Rolas. Mas, o mais impagável era o seu quadro, cartas do leitor, onde o filho bastardo de Stanislaw e pai de Agamennon,
Nataniel Jebão
soltava injúrias, patadas e palavras mal criadas de todas as ordens para perguntas pouco relevantes.

O criador do personagem era um cara muito talentoso. Se chamava Fausto Wolff e infelizmente veio a falecer anos depois em 2008.

Olhando toda aquela geração do velho pasca, vejo como a esquerda anda, não apenas carente de conteúdo, mas também carente de talento.

Não, isso não é um chororô nostálgico. Até poderia ser. Todo mundo tem esse direito a nostalgia, mas não é.

Hoje, o nível de profissionalização da esquerda, meio que virou uma defesa inflexível do governo.

Tá. Todo mundo tem o direito de defender o que quiser, sem problemas. Só acho que há um desnível abissal entre o que parecíamos que éramos capazes de fazer e o que se faz por aí hoje em dia.

Mas, quê quêu tô falando mesmo?! Nem ir a inaugurações de comitê eu vou mais. Tenho moral de falar nada não. Mero comentarista das lutas-de-classes.

Mas, dar uma olhada no velho pasca ainda me é uma boa fonte de risadas.

Eu assumo, sou um órfão do “pasquim21”

P.s único: Próximo post, um artigo do grande Jebão.

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