domingo, 24 de agosto de 2014

Irreconciliações reconciliáveis.

Uns dois meses atrás tive n´um show d´uma das minhas bandas favoritas, o IRA!

O cenário não poderia ser melhor, um festival de doces e muita cultura gaudéria. Para um baiano apaixonado pelo rio grande, o ambiente perfeito para reencontrar os caras que fizeram a minha cabeça durante boa parte da minha juventude.

Ouço o ira desde sempre, mas comecei a prestar atenção, de fato, lá pelos idos de 2004, quando adquiri um
Nasi
cd com uma coletânea d´alguns dos maiores sucessos da banda.

Lembro-me que, logo que comecei a curtir o ira, passei três meses em Sampa.

Muita coisa passa batida pela vida da´gente. Por vezes, a gente nem presta muita atenção nos motivos dos nossos gostos.

Pois bem.

Com o ira, consegui descobri o motivo da minha paixão musical.

Certa feita estava em um ônibus de sampa escutando ira no meu discman – caraca, nem o Word reconhece mais isso – e uma garota sentada ao lado perguntou: “ta ouvindo o que?” eu - “o ira, gosta?”. Na minha cabeça era a coisa mais provável pra uma paulistinha de seus vinte e poucos anos responder positivamente.

Pra minha surpresa a resposta foi não. Depois de um tempo ela parou e disse: “o ira é uma banda muito urbana... janelas, fumaças, pessoas, carros, sol e chuva”.


Engraçado que ao me explicar os seus motivos pra não achar a banda do seu gosto, foi justamente os motivos que me fizeram entender os meus pra curti-los.

É verdade, sou um urbanóide. As cidades que eu mais gosto, pela ordem, são muito parecidas, tanto em tamanho, quanto em arrumação geográfica, bem como distância do mar.

(*)

Dia desses tava vendo tevê. O “profissão repórter” do excelente jornalista Caco Barcelos falava sobre o retorno de bandas que fizeram sucesso nos 80\90\2000. Uma delas era o ira, e eles remontavam toda história da separação dos caras. Nasi havia acusado o irmão, empresário da banda, de desvio de grana e brigou com o Edgard Scandurra. O pai e o irmão do nasi pediram a interdição dele, diziam que não estava emocionalmente equilibrado.

Assim seguiram por 6 anos. Nasi ganhou uns quilinhos a mais. Edgard umas ruguinhas a mais.

Num momento da reportagem Nasi disse, sentado em frente ao irmão, pro repórter: “nós tínhamos todos os motivos pra nunca mais nos falarmos, mas estamos aqui”.

É verdade.

As brigas com pessoas próximas são as mais difíceis de reconciliar. Acho que é porque a mágoa é muito maior, mais dolorosa.

Já aconteceu comigo. Lembro de esforços. Não lembro de reconciliações.

Pelotas foi então o passo inicial da turnê de reconciliação dos caras.

De alguma forma a minha reconciliação também. Assunto pra um próximo dia.

Quem sabe?!

Obrigado ira, jamais vou esquecer desse dia gelado, com mãos e focinhos gelados, em pelotas.

“Nós somos o ira, nós voltamos” – Nasi.

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