As situações limite geralmente servem para nos dar uma
amostragem das nossas reações diante dos acontecimentos. O que não quer dizer
que uma situação limite seja a prova da sua habilidade\inabilidade ou
tempero\destempero.
A construção da vida cotidiana me parece muito mais determinante.
Aliás, prestar atenção nos próprios rastros é a melhor forma de saber como e o que se esta fazendo por aí.
(*)
Videocassetes são engenhocas maravilhosas criadas há tempos
atrás. Lá na vizinhança, fomos umas das primeiras casas a possuir um. Não lembro
exatamente a marca, mas aposto que se o visse por uma imagem googleniana
acertaria de primeira o modelo.
Além da sua usualidade, ainda marcava o horário. Tanto que,
não se podia tirar da tomada sem acertar o horário. Ou pior, desliga-lo e
ligá-lo na energia poderia deixá-lo piscando ao meio dia durante semanas.
Foi numa dessas que
aprendi o que significava post e ante meridiem.
Os desenhos nos botões são exatamente iguais até hoje. O triângulo
equilátero é play, a bolinha é stop, o pause são traços semelhantes às
aspas e, assim, cada comando segue com o seu respectivo símbolo.
(*)
Dia desses, numa aula
de história, o professor fazia uma regressão aos tempos do telefone de disco. Explicava
ele, que a indústria tentou pensar em diversos tipos de formato para as teclas
dos aparelhos, mas elas se mantiveram praticamente inalteradas ao longo das
décadas.
Ainda não venci a preguiça para dedicar um pouco de tempo
pra entender mais ou menos isso.
De toda forma, tem haver com a maneira como associamos
imagens\sons na nossa cabeça.
Por falar em apertar o play, tempos atrás fui morar com um tio meu no interior. Divisa entre Bahia e Pernambuco.
Meu tio é um cara legal. Com os defeitos dele, é um cara de
coração enorme. Enchia a casa dele de crianças as quais cuidava da educação,
para além dos seus três filhos.
Nós metropolitanos\citadinos tendemos a achar o pessoal do
interior engraçado. Acredito que a recíproca seja a mesma.
Uma das crianças que povoavam a casa do meu tio era de um
interior, bem interior, na Bahia. Lembro-me que, alguém havia perguntado a esta
mesma criatura como é que ligava o aparelho de som.
E o moleque arrematou – “você vai lá, aperta o pô-u-er e depois aperta no plá-i”.
E o moleque arrematou – “você vai lá, aperta o pô-u-er e depois aperta no plá-i”.
Claro, a gargalhada foi geral.
Qual era a obrigação dele de ter os trejeitos com a
americanização da nossa linguagem?
Nenhuma.
Nenhuma.
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