quinta-feira, 18 de julho de 2013

Quando as liberdades individuais são fundamentos relativos.

A repercussão das denuncias iniciadas pelo ex funcionário da agência de segurança norte-americana, nsa, Eduard Snowden, revelam ao mundo o patrulhamento político-econômico que o Estado norte-americano impõe a todos os países. As revelações dão conta de uma pequena parcela de uma engrenagem, certamente muito maior, que coloca em cheque os jargões democráticos os quais assentam os EUA.

Os serviços de espionagem nunca deixaram de existir, apenas se adaptaram ao novo período pós-guerra fria e servem aos interesses das multinacionais ianques, cooptando dados estratégicos em outros países com a
conivência das potências européias. Dessa forma, o apregoado “neo-liberalismo” não pode ser compreendido como um mecanismo de reestruturação do capitalismo quando o mais elementar abc desta corrente é simplesmente suprimida.

Para além das questões econômicas, as liberdades individuais estão postas em risco permanente, submetida aos interesses de empresas privadas os mesmo e Estados adversários que espionam qualquer um. Esse mundo das sombras, repleto de características de contos policiais, movimenta milhões do serviço de inteligência dos EUA. Os próprios cidadãos americanos são vigiados frequentemente sob a justificativa de combate ao terrorismo.


As grandes empresas da informação trabalham em parcerias com governos que lhes garantem espaço na disputa comercial, o que naturalmente se reverte em fatias do mercado. Como regulamentar a inviolabilidade das informações de milhões de usuários quando os gerentes são as multinacionais? E mais, como garantir que essa informação não seja simplesmente repassada aos interesses bélicos e comerciais de qualquer país quando a rede mundial deveria justamente cumprir o papel de democratizar a informação pelo mundo?

Essas questões, aparentemente banais, são de grande relevância na disputa contra-hegemônica do acesso a informação e guardam consigo uma armadilha perigosa que visa satisfazer o afã dos grandes veículos de informação aqui no Brasil. Os editoriais dos jornais globais nas ultimas semanas embarcam nestas denuncias como oportunidade de atacar o Google na sua disputa por mercado aqui no Brasil. O choque de interesses, revelado pelo noticiário é nada mais que um choque de interesses privados e não há nada de soberania nacional nisso.

Caçado pelo mundo inteiro, o ex técnico da agência norte-americana agora busca asilo em algum país que tenha disposição de recebê-lo. Os EUA tentam pressionar os países para que não concedam estadia ao dissidente Snowden tentando caçar qualquer possibilidade de cidadania ao seu compatriota. O governo americano parece estar deveras disposto na sua captura para julgá-lo em seu território, o que seria uma temeridade a vida deste individuo a exemplo do chefe do wikileaks.

O Itamaraty por sua vez cometeu uma postura indigna na luta pelos direitos humanos quando sequer considerou o pedido de Snowden. Aparentemente, os últimos acontecimentos internos levaram o governo brasileiro a evitar qualquer tipo de tensão externa, principalmente com a principal potência estrangeira. De toda forma, as lutas pelos direitos humanos e pelas liberdades individuais sempre pautaram a política externa deste governo e essa atitude revela, no mínimo, um contra-senso.

Incertezas de uma contemporaneidade complexa, repleta de caminhos tortuosos e virulentos de um mundo cada vez mais empurrado para o abismo cavado pelos interesses capitalistas.

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