sábado, 23 de março de 2013

Os rumos do PT.


O PT é fruto de um contexto político ímpar do movimento de massas no mundo. A confluência de diversos fatores como as diretas, o novo sindicalismo acompanhado das grandes greves do abc, a fantástica influência que os setores progressistas da igreja católica empenharam, assim como a organização de atores históricos que lutavam pela terra, são alguns desses elementos.

Imaginar um partido de esquerda, da classe trabalhadora, que congrega nos seus quadros internos diversas correntes de opinião, muitas vezes com matrizes muito diferentes, é sem dúvidas um fenômeno que extrapola a dimensão exclusivamente política.

Diante deste debate sobre candidaturas próprias ou apoio a partidos da base aliada, em que tudo que se faz é necessário para uma pretensa “governabilidade”, resgatar alguns dispositivos históricos não faz mal.


Na verdade, o núcleo duro do que hoje chamamos de campo majoritário foi à vanguarda da esquerda na América latina durante mais de vinte anos. Em algum momento, ainda na década de 90, este mesmo grupo concluiu que para chegar ao poder seria necessário fazer mais concessões do que previam. Isso significaria ir além da aliança com setores da pequena e média burguesia e com partidos que historicamente estiveram ao lado da classe dominante contra os trabalhadores. Contraditório? Talvez, mas sem dúvidas, esse núcleo duro tinha claro quais eram os seus objetivos e a esquerda do PT muitas vezes parece que não.

Falta a esquerda partidária reoxinar as nossas instâncias internas e superar as contradições entre governar para os trabalhadores e estar no governo.

Ainda concordo com Florestan Fernandes quando ele diz que a tarefa do PT é transformar o Brasil em um verdadeiro país republicano. Mas, republica nesta expressão, significa destravar todos os gatilhos da nossa democracia como a reforma agrária, o fim dos monopólios da comunicação e da energia, e por fim a desconstrução da concentração da riqueza hereditária.

Com isso, o que esta colocado no próximo período é a sobrevivência da combatividade do nosso partido e não apenas mais um pleito para a disputa institucional. A independência política da classe trabalhadora deve se expressar na independência política do PT. O que não significa dizer que não devemos ter aliados em outras legendas.

É extremamente preocupante ouvir de uma dirigente do PT que SC terá de fazer sacrifícios para reeleição de Dilma. Primeiro porque isso é mentira. Não depende da candidatura do PMDB em SC para que o mesmo se mantenha na base aliada. Segundo é que essa composição em nível nacional já deu mais do que sinalizações de esgotamento.

Tão preocupante é ouvir do ex presidente Lula que a candidatura de Dilma não pode ser posta em risco sob hipótese alguma, se referindo ao possível extermínio de possibilidades de uma candidatura petista no Rio de Janeiro.

Até onde vai esse toma lá da cá? Dificil prever, mas é fácil saber que isso irá levar o próprio partido dos trabalhadores à fadiga militante\emocional\geracional enquanto legitimo representante dos trabalhadores.

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