quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Corinthians campeão mundial e o fim do mundo.


Toda roda de conversa nos diversos cantos do país é incrementada pela piadinha do fim do mundo em dezembro. Daqui a alguns dias, diga-se. Os planos futuros começam a levar em conta que o que pode ser feito deve levar em conta que, ao encerrar-se a vida terrena, cessam-se também as demandas cotidianas e consequentemente os seus problemas.

Imbróglios a parte e levando a sério o possível fim do mundo, não posso deixar de falar sobre o título mundial, merecidamente conquistado, pelos gambás corintianos. Foi duro vê-los conquistar a América, bem como foi amargo vê-los campeões mundiais. Jogaram para o gasto ao longo das duas competições, tomando poucos gols e com uma estratégia quase militar de marcação onde todos se entregavam e diminuíam os espaços do adversário.

O título do Corinthians remonta a velha polêmica entre futebol arte - aquele vistoso, bem jogado e grandes lances, versus futebol “feio” - bem dinâmico, com pouco espaço e muito objetivo. Eu discordo, em termos, da tese de que existe uma filosofia desenvolvida para o futebol arte bem como uma filosofia para o futebol “feio”. Acho apenas que os treinadores trabalham com a mão-de-obra que tem e são extremamente sagazes em explorar o potencial dos atletas que dispõe.

É verdade que times como Barcelona, a seleção holandesa ou mesmo a seleção italiana são equipes que adotam um padrão de jogo característico ao longo dos anos. Mas, convenhamos, isso são exceções. O futebol é um esporte tão fascinante quanto dinâmico e as comparações entre estilos de jogo e suas variações são ótimas pra vender tabloides e revistas especializadas. Em resumo, a polêmica nunca chegará ao fim e esse é o objetivo.

Na verdade a possibilidade da equipe tecnicamente inferior vencer outra tecnicamente superior, faz deste esporte um fenômeno sociológico. Nos sentimos representados pelos jogadores que em campo estão. E não apenas isso. As resenhas esportivas, bem como os comentários semanais sobre as partidas completam essa maravilhosa sensação proporcionada pelo esporte.

O título corintiano reflete bastante isso. O “modesto” time brasileiro venceu o “gigante” inglês. E não adiantou os outros 160 milhões de torcedores (30 milhões são corintianos) acordarem no fuso trocado para secar o time do Lula. Em noite inspirada, o goleiro Cássio “salvou” a pátria gambá. Mas, ao menos tentamos.

Como bom são-paulino, tri campeão mundial, sempre estive habituado a fazer bulling com torcedores do rival e, como muitos torcedores, profetizei a eterna virgindade do Corinthians no torneio continental das Américas, consequentemente no mundial. Errei, mas faz parte. A discussão agora vai girar em torno da quantidade de títulos mundiais deles. Eles reivindicam dois, mas todos sabem que moralmente só vale esse ultimo. O outro “conquistado” no início da década passada não tinha critérios para os participantes, tanto que a finalíssima foi disputada contra o Vasco, também brasileiro.

Picuinhas a parte, o título dos corintianos é um sinal dos fins dos tempos. Quem um dia imaginou Corinthians campeão da Libertadores e, pior, campeão mundial?

Até a próxima... Se aqui ainda estivermos.
  

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