Toda roda de conversa nos diversos cantos do país é
incrementada pela piadinha do fim do mundo em dezembro. Daqui a alguns dias,
diga-se. Os planos futuros começam a levar em conta que o que pode ser feito deve
levar em conta que, ao encerrar-se a vida terrena, cessam-se também as demandas
cotidianas e consequentemente os seus problemas.
Imbróglios a parte e levando a sério o possível fim do mundo, não posso deixar de falar sobre o título
mundial, merecidamente conquistado, pelos gambás corintianos. Foi duro vê-los conquistar a América,
bem como foi amargo vê-los campeões mundiais. Jogaram para o gasto ao longo das
duas competições, tomando poucos gols e com uma estratégia quase militar de
marcação onde todos se entregavam e diminuíam os espaços do adversário.
O título do Corinthians remonta a velha polêmica entre
futebol arte - aquele vistoso, bem jogado e grandes lances, versus futebol “feio”
- bem dinâmico, com pouco espaço e muito objetivo. Eu discordo, em termos, da
tese de que existe uma filosofia desenvolvida para o futebol arte bem como uma
filosofia para o futebol “feio”. Acho apenas que os treinadores trabalham com a
mão-de-obra que tem e são extremamente sagazes em explorar o potencial dos
atletas que dispõe.
É verdade que times como Barcelona, a seleção holandesa ou
mesmo a seleção italiana são equipes que adotam um padrão de jogo
característico ao longo dos anos. Mas, convenhamos, isso são exceções. O
futebol é um esporte tão fascinante quanto dinâmico e as comparações entre
estilos de jogo e suas variações são ótimas pra vender tabloides e revistas especializadas.
Em resumo, a polêmica nunca chegará ao fim e esse é o objetivo.
Na verdade a possibilidade da equipe tecnicamente inferior
vencer outra tecnicamente superior, faz deste esporte um fenômeno sociológico.
Nos sentimos representados pelos jogadores que em campo estão. E não apenas
isso. As resenhas esportivas, bem como os comentários semanais sobre as
partidas completam essa maravilhosa sensação proporcionada pelo esporte.
O título corintiano reflete bastante isso. O “modesto” time
brasileiro venceu o “gigante” inglês. E não adiantou os outros 160 milhões de
torcedores (30 milhões são corintianos) acordarem no fuso trocado para secar o
time do Lula. Em noite inspirada, o goleiro Cássio “salvou” a pátria gambá. Mas,
ao menos tentamos.
Como bom são-paulino, tri campeão mundial, sempre estive
habituado a fazer bulling com torcedores do rival e, como muitos torcedores,
profetizei a eterna virgindade do Corinthians no torneio continental das Américas,
consequentemente no mundial. Errei, mas faz parte. A discussão agora vai girar
em torno da quantidade de títulos mundiais deles. Eles reivindicam dois, mas
todos sabem que moralmente só vale esse ultimo. O outro “conquistado” no início
da década passada não tinha critérios para os participantes, tanto que a finalíssima
foi disputada contra o Vasco, também brasileiro.
Picuinhas a parte, o título dos corintianos é um sinal dos
fins dos tempos. Quem um dia imaginou Corinthians campeão da Libertadores e,
pior, campeão mundial?
Até a próxima... Se aqui ainda estivermos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário