terça-feira, 27 de novembro de 2012

Cinco anos de invasão da PF à reitoria da UFBa

Em 2007, após um consuni tumultuado, Naomar aprovou o REUNI.

Na semana passada completou-se cinco anos da invasão pela polícia federal a reitoria da UFBa para dispersar a ocupação. Naomar errou feio. Fruto de uma profunda falta de habilidade do corpo dirigente do seu grupo. Errou porque a própria ocupação já estava fadada ao fracasso e a invasão da PF apenas fortaleceu o sentimento de oposição à sua gestão.

Enfim, imperícias e barbeiragens a parte, o M.E. baiano sempre formou muitos dos melhores quadros da política nacional. Muitos diretores da UNE, de executivas de curso, enfim, militantes destacados. Alguns, hoje, compõem diversas esferas de governos municipais, estaduais e até federal. Não que isso seja pré-requisito de abono da capacidade alheia, mas demonstra um pouco da tradição desta terra militante.


Com isso, é importante destacar o papel que a Universidade Federal joga para as organizações da esquerda baiana. O PT da Bahia, por exemplo, é formado ou pelos militantes sindicais, ou então pelos militantes do movimento estudantil basicamente. Mas não é só privilégio petista. Em maior ou menor grau todos os partidos políticos desta terra tiveram militantes formados nos campus da UFBa.

Diminuindo a historicidade que este tema comporta, o conteúdo que intitula essas linhas mostra - com a linearidade possível – um importante capítulo da Universidade. A necessidade da expansão do ensino público e a manutenção da sua qualidade não parece que esteve posta de forma combinada. Aliás, o método que se aplicou a expansão demonstra a complexidade dessa questão. Sem conseguir aprovar as sucessivas versões da reforma Universitária, o governo adotou então outra estratégia.

O REUNI foi elaborado no intuito de reformar a educação superior, mas sem precisar passar pela parte “chata”, ou seja, o debate. Através de decreto, o governo Lula apresentou o REUNI para as IFES que deveriam aderir em troca de aumento de verbas de até 20% desde que algumas metas estabelecidas pelo MEC fossem obedecidas.

Então, o ano de 2007 iniciou com uma série de discussões acerca da reforma universitária. Neste ano, completava-se três anos desde que a primeira versão foi apresentada pelo ministro Tarso Genro, o que proporcionou uma grande mobilização nacional para “barrar” o projeto. A essa altura, algumas correntes do movimento estudantil já começavam a mudar de opinião diante da pressão de estar no governo. Outras radicalizavam-se em posições justamente por uma orientação anti-governo. Outras estavam simplesmente perdidas ao sabor da conjuntura.

Na UFBa, o DCE era dirigido por três correntes de opinião ligadas ao PT. A Articulação de Esquerda que, embora tenha sido uma importante protagonista nas lutas contra os primeiros projetos de reforma universitária, cumpria um papel centrista e confuso e defendia a não adesão ao projeto REUNI; a Democracia Socialista, que concordava com o projeto com críticas pontuais e a Esquerda Democrática e Popular que à época era uma extensão da AE. Essas forças políticas tiveram muitas dificuldades de conduzir um debate que estava na pauta nacional e, apesar de terem vencido o conselho de entidades de base sobre o tema com uma posição escorregadia (a de não adesão para debater mais), foram atropeladas na assembléia geral dos estudantes que ocorreu na faculdade de direito.

Placa localizada em frente a reitoria no bairro do Canela.
Dessa assembléia foi tirada a ocupação da reitoria da UFBa. Antes disso, se a memória não me trai, a última ocupação de reitoria na Ufba havia ocorrido na épica greve de 114 dias em 2004. Essa ocupação tinha uma pauta clara, durou algumas semanas e logo se encerrou. Na verdade o mecanismo de uma ocupação se banalizou no seio do M.E. e em qualquer transtorno tem sempre alguém pra dizer: “temos que ocupar”. A maioria das vezes esse (a) mesmo (a) cara que fala em ocupar nem as caras da por lá. Mas fazer o que né?!
Pois bem, a ocupação “iniciada” se juntava a uma ocupação que lá já estava por outra pauta. Os residentes haviam ocupado a reitoria dias antes porque o R.U. da vitória estava com vazamento de gás e a gestão Naomar\Mesquita se lixava, pra variar. Não durou muito e a ocupação rachou. E rachou em três. Mas isso eu conto em outro “post”, talvez quando fizer dez anos de invasão da PF.

Depois de muita divisão que pairava entre nós e depois de cinco anos, e de muitas autocríticas, a verdade é que fomos incapazes de pensar um projeto de educação pautado na democracia capaz de apontar para a universalização.

Em resumo, o REUNI passou, a expansão chegou e os desafios daquela época estão mantidos em maior grau. Como manter os estudantes em vulnerabilidade que acessam a Universidade na Universidade? Como estruturar órgãos, institutos, espaços físicos a essa nova realidade social?

Me parece ser esse o desafio para o nosso M.E. 

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