Em tempos de eleição algumas palavras tornam-se habituais
aos nossos ouvidos como um modismo de época. “pontos percentuais”, “oscilação”,
“mudança”, “fazer mais”, são algumas das junções silábicas que projetam
expectativas ou simplesmente nos entediam devido ao tamanho ceticismo.
Negar os avanços obtidos nos últimos anos é irracionalizar o
sentimento antipetista ao extremo,
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A cara da classe média no Brasil |
Acontece que, mesmo superando questões que eram entrave para
a cidadania comum dos brasileiros (fome, consumo, desemprego) outras peças
inerentes de um jogo democrático parecem bastante desgastadas (democracia
participativa, campanhas milionárias). As nossas fórmulas parecem não ter
acompanhado as mudanças terrivelmente velozes dos tempos. Já não basta mais
comer, é óbvio, agora a fome é dos smartphones grandões, dos carros transados,
dos serviços públicos sem morosidade e sem burocracia.
Que bom que seja assim.
Tem um camarada que define muito bem os tempos atuais no Brasil
do ponto de vista do consumo. Diz ele, e eu concordo, que hoje é muito bom
viver dentro de casa (internet, ar condicionado, TV a cabo, geladeira nova),
mas que esta cada vez mais insuportável viver fora dela (trânsito, violência,
péssimos serviços de transporte etc).
Um país de classe média, assim pensam os nossos dirigentes.
Não veria problemas se a questão fosse meramente numérica, administrativa ou de
renda. O problema consiste nos “valores” da classe média. Ai sim uma questão
preocupante. Como diria Leonardo Boff num texto que me chegou ao email esses
dias: “A classe média adora curtir a ilusão de que é candidata a integrar a
elite embora, por enquanto, viaje na classe executiva. Porém, acredita que, em
breve, passará à primeira classe… E repudia a possibilidade de viajar na classe
econômica.”
Deformidades, franksteins, seres mutantes... é por aí.
Poderia passar horas aqui achando adjetivos e metáforas, mas acho que com essas
me faço entender.
Pois é, vem aí um segundo turno que promete ser o mais sangrento de todos os tempos, segundo os
analistas, sempre eles. Desejo sorte a militância petista nessa empreitada.
Depois da sorte, espero não vê-los escanteados e sem uso.
p.s: é uma pena ver a câmara mais conservadora. Mas enfim, o
gigante acordou, não é mesmo? o gigante da reação.
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