Nem o óculos do John e nem o olhar do Paul

Creio que uma vida sem música deve ser parecido com um prato de comida sem tempero, sem cor, sem conquista visual. Noutras palavras, significa dizer que você come pra nutrir as células, mas o sentido se perde na fria funcionalidade instintiva que necessitamos à sobrevivência.

Foto histórica. Linda, Paul e Gilmour.

Pra alguém que nasceu na década de 80, e com irmãs mais velhas, a música sempre esteve presente na minha vida. Naquele finzinho de década havia grande euforia produzida elas rádios que produziam os sucessos do momento e os de sempre.

Por algum motivo, talvez influencia de casa, o rock passou a ser o meu estilo musical preferido diante dos demais. Não é intolerância com os demais gêneros, é que, ao que parece, a minha atenção é bastante limitada. Até ouço e gosto de outros estilos musicais, contudo, é rock´n roll que faz a minha cabeça.

Dentre tantas bandas, os Pink Floyd entraram na minha vida da maneira mais surpreendente. Roger Waters causou-me tamanha empatia com relação aos seus gestos e pensamentos que às vezes é até difícil de acreditar. Seu engajamento politico, sua proximidade com a esquerda, sua luta pela libertação da Palestina são alguns dos exemplos.

Numa entrevistas que vi tempos atrás, David Gilmour falava sobre a produção, salvo engano, de “The dark side of the moon”. Dentre várias coisas, ele falou algo absolutamente intrigante depois dos inúmeros ensaios e aperfeiçoamentos . “Queria simplesmente poder voltar e ouvir isso como se fosse a primeira vez”. Genial!

O impacto que as sensações nos causam a primeira vez é praticamente indescritível. Aliás, certamente é.

Roger e Gilmour parecem não conseguir se aturar mais. Depois de tantos anos de convivência, que confluiu e produziu a maior banda que a humanidade já produziu, a velhice de ambos sente grande necessidade de distância um do outro. Acho que de certa maneira eu os compreendo. Mesmo não tendo chegado a velhice, sinto a necessidade de distanciamento de algumas pessoas com as quais tive um intenso convívio.

Eu gosto muito dos Beatles, mas cá pra nós, o rock´n roll é mais que os óculos do John e o olhar do Paul quando se conhece Pink Floyd.

O p.s que embalou esta escrevinhação,