Fotografia ou video? Cinema o teatro? Livro ou filme? MMA ou boxe?
Nós, indivíduos falíveis, temos a necessidade inerente de
classificar gostos e coisas de modo a torna-las, quase sempre, roteiros
efêmeros. Ocorre que, cognitivamente, a nossa forma de elaborar e apurar as
nossas afeições rotineiramente se constroem a partir destes métodos, estejamos
ou não atentos sobre eles.
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Pôr do sol da usina do gasômetro em Porto Alegre |
Dia desses, estava escutando uma entrevista muito
interessante com um músico muito interessante. Disse ele: “ não gosto de
cinema! Colocam você numa sala, agora com óculos 3D, com um som ensurdecedor
numa tela enorme e quando você chora eles ainda dizem que te fizeram ficar
emocionado”. Pensei naquilo durante dias e, mesmo assim, não consegui sequer
por um momento cogitar que aquilo poderia fazer sentido.
Acho que muitas formas de arte não deveriam ser contrapostas
como um mecanismo de competição entre elas. Esse raciocínio me parece viciado e
preso em uma equação binária que só empobrece a capacidade de qualquer
indivíduo de se permitir interpretar aquilo que esta ao seu redor. Seria tão infrutífero quanto comparar o
construtivismo soviético com o surrealismo de Dali.
Ainda pensando na entrevista deste músico, me deparei com
outra entrevista em um canal de esportes que falava sobre a ascensão do MMA no
mundo dos esportes e, consequentemente, a decadência do
boxe. O cara falava: “boxe
é vinho e requinte, e MMA é cerveja e sanduiche de trailer”. Talvez o meu gosto
pouco apurado ainda prefira uma cerveja bem gelada e um dogão do Betão,
mas de fato fico com o que aparentemente tem menos valor, mesmo não dispensando
a oportunidade de degustar um bom vinho chileno.
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A beira do guaíba em porto alegre |
A mesma coisa acontece com livros e filmes. Tem sempre
aquele\a chato\a que insiste em te dizer que prefere o livro ao filme que você
se amarrou. Simplesmente são narrativas diferentes e, se você utilizar a ideia
de simplesmente entender isso, talvez consiga saboreá-los da melhor maneira.
Arrisco a dizer que muitas vezes o filme pode ser tão bom quanto, ou melhor.
Por exemplo, “Ensaio sobre a cegueira”, do grande Saramago,
um excelente livro e um filme perfeitamente fiel, no que tange a minha
imaginação das cenas.
Mas enfim... cada um na sua e assim a vida segue.
Quanto mais eu estudo cinema, mais eu me divirto e me
surpreendo.
Sem essa de competir com os estilos, acho que devemos
aprendê-los e apreendê-los como elementos complementares da cognição
individual.
P.s: Levemente gripado, mas muito satisfeito.
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