![]() |
Em 2007, após um consuni tumultuado, Naomar aprovou o REUNI. |
Na semana passada completou-se cinco anos da invasão pela
polícia federal a reitoria da UFBa para dispersar a ocupação. Naomar errou
feio. Fruto de uma profunda falta de habilidade do corpo dirigente do seu
grupo. Errou porque a própria ocupação já estava fadada ao fracasso e a invasão
da PF apenas fortaleceu o sentimento de oposição à sua gestão.
Enfim, imperícias e barbeiragens a parte, o M.E. baiano
sempre formou muitos dos melhores quadros da política nacional. Muitos
diretores da UNE, de executivas de curso, enfim, militantes destacados. Alguns,
hoje, compõem diversas esferas de governos municipais, estaduais e até federal.
Não que isso seja pré-requisito de abono da capacidade alheia, mas demonstra um
pouco da tradição desta terra militante.
Com isso, é importante destacar o papel que a Universidade
Federal joga para as organizações da esquerda baiana. O PT da Bahia, por exemplo,
é formado ou pelos militantes sindicais, ou então pelos militantes do movimento
estudantil basicamente. Mas não é só privilégio petista. Em maior ou menor grau
todos os partidos políticos desta terra tiveram militantes formados nos campus
da UFBa.
Diminuindo a historicidade que este tema comporta, o
conteúdo que intitula essas linhas mostra - com a linearidade possível – um
importante capítulo da Universidade. A necessidade da expansão do ensino
público e a manutenção da sua qualidade não parece que esteve posta de forma
combinada. Aliás, o método que se aplicou a expansão demonstra a complexidade
dessa questão. Sem conseguir aprovar as sucessivas versões da reforma
Universitária, o governo adotou então outra estratégia.
O REUNI foi elaborado no intuito de reformar a educação superior,
mas sem precisar passar pela parte “chata”, ou seja, o debate. Através de
decreto, o governo Lula apresentou o REUNI para as IFES que deveriam aderir em
troca de aumento de verbas de até 20% desde que algumas metas estabelecidas pelo MEC
fossem obedecidas.
Então, o ano de 2007 iniciou com uma série de discussões acerca
da reforma universitária. Neste ano, completava-se três anos desde que a
primeira versão foi apresentada pelo ministro Tarso Genro, o que proporcionou
uma grande mobilização nacional para “barrar” o projeto. A essa altura, algumas
correntes do movimento estudantil já começavam a mudar de opinião diante da
pressão de estar no governo. Outras radicalizavam-se em posições justamente por
uma orientação anti-governo. Outras estavam simplesmente perdidas ao sabor da
conjuntura.
Na UFBa, o DCE era dirigido por três correntes de opinião
ligadas ao PT. A Articulação de Esquerda que, embora tenha sido uma importante
protagonista nas lutas contra os primeiros projetos de reforma universitária,
cumpria um papel centrista e confuso e defendia a não adesão ao projeto REUNI;
a Democracia Socialista, que concordava com o projeto com críticas pontuais e a
Esquerda Democrática e Popular que à época era uma extensão da AE. Essas forças
políticas tiveram muitas dificuldades de conduzir um debate que estava na pauta
nacional e, apesar de terem vencido o conselho de entidades de base sobre o
tema com uma posição escorregadia (a de não adesão para debater mais), foram
atropeladas na assembléia geral dos estudantes que ocorreu na faculdade de
direito.
![]() |
Placa localizada em frente a reitoria no bairro do Canela. |
Dessa assembléia foi tirada a ocupação da reitoria da UFBa.
Antes disso, se a memória não me trai, a última ocupação de reitoria na Ufba
havia ocorrido na épica greve de 114 dias em 2004. Essa ocupação tinha uma
pauta clara, durou algumas semanas e logo se encerrou. Na verdade o mecanismo
de uma ocupação se banalizou no seio do M.E. e em qualquer transtorno tem
sempre alguém pra dizer: “temos que ocupar”. A maioria das vezes esse (a) mesmo
(a) cara que fala em ocupar nem as caras da por lá. Mas fazer o que né?!
Pois bem, a ocupação “iniciada” se juntava a uma ocupação
que lá já estava por outra pauta. Os residentes haviam ocupado a reitoria dias
antes porque o R.U. da vitória estava com vazamento de gás e a gestão
Naomar\Mesquita se lixava, pra variar. Não durou muito e a ocupação rachou. E
rachou em três. Mas isso eu conto em outro “post”, talvez quando fizer dez anos
de invasão da PF.
Depois de muita divisão que pairava entre nós e depois de
cinco anos, e de muitas autocríticas, a verdade é que fomos incapazes de pensar
um projeto de educação pautado na democracia capaz de apontar para a
universalização.
Em resumo, o REUNI passou, a expansão chegou e os desafios
daquela época estão mantidos em maior grau. Como manter os estudantes em
vulnerabilidade que acessam a Universidade na Universidade? Como estruturar
órgãos, institutos, espaços físicos a essa nova realidade social?
Me parece ser esse o desafio para o nosso M.E.
Nenhum comentário:
Postar um comentário